Marcelo Rebelo de Sousa é apontado por várias
personalidades do PSD como a pessoa mais indicada neste momento de alguma turbulência no partido, para ser candidato nas próximas eleições directas do PSD e liderar a oposição a José Sócrates, na expectativa de eleições antecipadas, ou
aguardando o fim da legislatura.
Paulo Rangel surgiu a semana passada na RTP a atacar a candidatura de Passos Coelho e, insistindo na ideia de que deveria ser Marcelo Rebelo de Sousa, a avançar para a presidência do partido. Referiu também que não seria candidato com o argumento da recente eleição para o parlamento europeu.
Outras figuras próximas de Manuela Ferreira Leite têm manifestado o seu apoio ao Professor de Direito, e fica no ar a ideia de que a actual liderança pretende mobilizar apoios para que Marcelo lhes suceda, vedando o caminho a Passos Coelho e tirando margem de manobra a Luís Filipe Meneses. Há a tentativa de criar condições para que Marcelo avance para a corrida eleitoral, e é visto, por vários "barões" do PSD, como a única figura com estrutura política bastante para fazer uma oposição séria e forte ao actual governo.
Mas esta vontade de lançar o Professor para a liderança choca, em primeiro com as ambições de
Pedro Passos Coelho, que já confirmou a sua candidatura à presidência no próximo acto
eleitoral; e em segundo lugar, enfrenta a própria oposição do próprio
Marcelo Rebelo de Sousa, que viu recentemente, ser rejeitada a sua proposta de fazer uma cimeira de ex-líderes do PSD, de forma a
discutir ideias e propostas e alcançar um acordo alargado quanto ao rumo a prosseguir. Como não viu a sua proposta aceite e, apesar das várias vozes que exigem a sua candidatura, Marcelo só avançará para a liderança se houver
unanimismo por parte do partido para que seja candidato. Foi o que deixou ontem a entender, no seu programa semanal, referindo que a questão não se coloca quanto ao candidato, pois podia ser qualquer um, mas sim quanto ao facto de haver ou não, condições para a unidade do partido. Marcelo, após uma passagem pela presidência do PSD, sem grande brilhantismo, onde se destaca o fracasso de uma
aliança democrática com o CDS de Paulo Portas, requer agora condições excepcionais para a arriscar nova aventura, certo que a luta fratricida que graça no seio do PSD também não o poupará caso a sua eleição seja frágil.
Com se depreende das suas declarações, não fecha completamente a porta a uma recandidatura, mas só o fará se o partido estiver unido em torno do seu nome e assim não alimenta cenários futuros deixando, para já o palco a quem o quer ver na liderança do partido- a
entourage de Manuela Ferreira Leite- e à candidatura de Passos Coelho. Certo é que, por agora, todos aqueles que se perfilam para avançar nas próximas eleições já iniciaram as suas movimentações, criando instabilidade e desviando as atenções de tudo o que é essencial, como a discussão do programa de governo, e do orçamento de estado, prejudicando seriamente a imagem de competência do partido.
O PSD enquanto partido de poder, que sobrevive e se alimenta com as vitórias eleitorais e com a própria função governativa, não reage bem em oposição, quando é necessário mostrar união e capacidade para se mostrar alternativa de poder. Perde, por seu lado, tempo em querelas e debates internos, que tem por único mérito a auto-destruição.
O PSD necessita de um líder forte, consensual e
indíscutivel. Alguém que tenha uma grande base de apoio popular, seja defendido pelos intelectuais do partido,e que tenha a força e o carisma suficiente para abafar de uma vez por todas as vozes críticas internas. A maior virtude do partido que são a competência e a qualidade dos seus quadros, os melhores em Portugal, revelam também a fragmentação e independência dos mesmos, que resultam num partido- que está na oposição há 12 anos não
ininterruptos- dividido e perdido, sem
referências que o possam guiar de forma consistente ao seu objectivo.
Exige-se debate e discussão no seio do PSD; discussão de base ideológica e
programática com base no tempo em que vivemos, mas também um debate sério sobre o papel que o partido pretende desempenhar no futuro de Portugal, que é o caminho do desenvolvimento e crescimento económico. Foi como PSD a liderar o Governo que Portugal atingiu os maiores índices de desenvolvimento do país,
contribuindo de forma decisiva para a implementação efectiva da democracia pluralista estável, que perdura até hoje, por razão dos alicerces edificados então.
Como todos nós concordamos, Portugal precisa de um PSD forte, ambicioso e coeso, para que seja realmente alternativa de poder e possa uma vez mais ser decisivo na condução dos destinos do país, lutando por um país maior e melhor,e, que neste momento já não tem esperança.
PS: Parece que se perfila mais um candidato às directas do PSD. Procura reunir apoios e pondera candidatura. Falarei deste assunto a seu tempo.