sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Requere-se coligação

Após uma aturada semana em que o tema central de discussão continuou a ser a constituição do novo governo e a viabilidade do mesmo, observei mais uma vez, o debate em torno da oferta de coligação/cooperação de José Sócrates a todos os partidos da oposição.
Parece que passou despercebido, mas na realidade, José Sócrates ao receber em audiência todos os partidos da oposição representados na Assembleia da República, formulou a cada um, a intenção e disponibilidade para a constituição de alianças, de forma a viabilizar as reformas pretendidas, e com um alcance superior, a viabilidade do governo.
A crer nas boas intenções do secretário-geral do PS, ou seja, que estas propostas de cooperação não seriam uma mera jogada política de, desde já, condicionar a oposição com o argumento da falta de cooperação e, tendo por certo o intuito do primeiro-ministro em concretizar sinergias com os vários partidos, de forma a alcançar o consenso alargado, chego a uma conclusão irrefutável:

O nosso venturoso primeiro-ministro, andou de facto a tentar dar a mão tanto aos comunistas e troskistas por um lado, bem como aos democratas cristãos, não esquecendo o PSD. Pois a José Sócrates e para a prossecução da viabilidade das políticas do governo a que preside, tanto faz fazer acordos com a esquerda irresponsável que tudo quer nacionalizar, como com a direita populista e demagoga.
Esta foi uma acção política que, de forma aparente, passou despercebida na comunicação social, mas que, apesar de tudo, é óbvia e conclusiva. José Sócrates não se pauta pelo interesse primeiro do país, nem a sua conduta se rege pelo serviço público. Antes se analisa pelo calculismo político de simular uma falsa vontade de cooperação, para que futuramente possa acusar terceiros pelo seu falhanço pessoal e do seu governo. Repito, nunca foi intenção de Sócrates em obter alianças com outras forças políticas, ainda que pontualmente, pois se assim fosse, de forma séria e coerente, teria que optar por uma linha de políticas em primeiro lugar para, posteriormente, escolher a força política com quem se poderia aliar realmente. Ora nada disto aconteceu.
Refórço, esta forma de actuar é trapaceira e desonesta. Os factos são inquestionáveis e a seriedade do primeiro-ministro é claramente posta em causa.
O resultado pretendido por Sócrates passa por tentar forçar um ou outro acordo na Assembleia da República, vitimizar-se- o que, de resto, já começou- e aguardar por uma moção de censura ao governo- que só poderá ocorrer no mínimo daqui a dois anos- para responsabilizar a oposição de não ser construtiva e de inviablizar as políticas do governo, para assim, e com novo fôlego provocar novas eleições e tentar conquistar a maioria absoluta. Passa por aqui a estratégia de José Sócrates, plano este que já entrou em marcha, mesmo antes da tomada de posse do novo governo, com a palhaçada e o teatro a assentarem arraiais no Palácio da Ajuda. E se a oposição e a sociedade civil se deixarem levar, uma vez mais, pelo engodo de Sócrates, será isto que irá acontecer.

PS: Acaba de estalar o processo " Face Oculta", que implica altos dirigentes do partido socialista, entre eles Armando Vara, antigo ministro do governo de António Guterres e actualmente vice-presidente do Millenium-BCP. Ao ter contacto com este caso lembrei-me de forma imediata de duas pessoas: do Professor Vital Moreira e do Dr. José Junqueiro, actual secretário de estado da administração local por, cada um a seu tempo, terem invocado de forma arrogante e insidiosa a pretensa ligação de alguns militantes do PSD em processo crime que estão a decorrer, com o pretexto da suposta elevação ética e moral dos militantes do PS, e com claras intenções políticas. Duas notas, meus senhores, à justiça o que é da justiça e, às vezes mais vale estar calado!

1 comentário:

José Pedro Gomes disse...

Pequeno erro no nome do líder da Federação do PS de Viseu, actual Secretário de Estado da Administração Local: Dr. José Adelmo Gouveia Bordalo Junqueiro. Não é poeta como o Guerra Junqueiro, mas é um grande político, que fez e continua a fazer muito por Viseu e que contribuiu para uma grande e forte presença do PS no distrito de Viseu.