domingo, 7 de junho de 2009

Não há fim de ciclo! Há muita determinação

2004
PS – 44,52% (12 deputados)
PPD-PSD / CDS-PP – 33,26% (9 deputados)
CDU – 9,10% (2 deputados)
BE – 4,92% (1 deputado)

24 deputados
Abstenção – 61,20% (5.354.244)
Brancos – 2,57% (87.193)
Nulos – 1,39% (47.344)
2009
PPD-PSD – 31,69% (8 deputados)
PS – 26,58% (7 deputados)
BE – 10,73% (3 deputados)
CDU – 10,66% (2 deputados)
CDS-PP – 8,37% (2 deputados)

22 deputados
Abstenção – 62,96% (6.047.480)
Brancos – 4,63% (164.831)
Nulos – 2,00% (71.136)

Estes foram os resultados das Eleições Europeias. Bem diferentes dos de há 5 anos.
Comecemos por aí…

O BE passa de 4,92% para 10,73, e a CDU de 9,10% para 10,66%. Há, portanto, uma subida da esquerda, da esquerda mesmo à esquerda! Uma subida de partidos pouco ou nada europeístas, numas eleições europeias.
O voto de protesto dado nestas eleições reflectiu-se muito nestes 2 últimos partidos, mas também no CDS-PP, e nos brancos!
A CDU teve uma campanha mais consistente que a do BE, sempre com uma concepção muito ideológica contra o projecto europeu, enquanto o BE prefere uma campanha mais difusa, com o intuito de ir buscar votos a vários sectores da sociedade. O BE diz que luta pela justiça em vários sectores, mas ninguém sabe qual o modelo de sociedade que eles defendem. Como seria uma sociedade liderada pelo BE? Porventura dá jeito não o dizer…fica sempre uma coisa indefinida…que vai agregando votos!

O CDS-PP fiel aos seus princípios e valores, e aproveitando e valorizando constantemente o trabalho de Nuno Melo na Comissão de Inquérito do Caso BPN, conseguiu surpreender (como sempre, nos últimos tempos) todos os que já anunciavam o seu desaparecimento, através uma boa votação, e a consequente, eleição de 2 deputados (apesar de os perderem na Assembleia da República, onde eram os mais incisivos).
Em relação aos votos brancos (mais de 164 mil!), suspeito que muitos deles sejam votos de protesto, no sentido em que abrangem muito do eleitorado habitual do PS que quis dar um voto de contestação, sem votar na direita ou na esquerda mais radical ou pouco europeísta.
O PSD não surpreendeu com a sua percentagem de votos. Surpreendeu, antes pela vitória, beneficiando de vários factores, entre os quais os referidos anteriormente, e também de ter lançado um cabeça-de-lista que também surpreendeu pela positiva por ser visto como um outsider em relação aos políticos habituais. No entanto, contribuiu em muito para que estas eleições não fossem europeias. Conseguiu nacionalizar o debate que deveria ser sobre temáticas europeias! Nem no seu discurso de vitória falou da Europa!

De facto, não houve discussão sobre a Europa. E se houve alguém que o quis fazer, esse alguém foi o PS e o seu candidato, logo de início, e foi criticado por isso.
O candidato não era o ideal? Provavelmente, mas também não era obrigado a ser um verdadeiro político. Ninguém duvida das suas qualidades, e não tenho dúvidas que vai ser um excelente eurodeputado e que vai representar Portugal de forma bastante positiva.

Falam de derrota do Governo. Mas que derrota? Onde está a Europa e o Parlamento Europeu no meio disto tudo? Houve um voto de protesto, sim! Mas isso é óbvio, pois é este partido que governa durante a crise, apesar de a dimensão desta não ser controlável pelo PS, nem por ninguém. Os resultados não são bons para o PS, mas servem de alerta.

Falam também em sinal de mudança e de viragem em Portugal. Mudança? Quando se quer dar um sinal de mudança, atribui-se 44,5% a um Partido como aconteceu há 5 anos, antecipando indubitavelmente a alteração de Governo. Este ano, as europeias não são o espelho das legislativas, apesar de haver já uma tentativa para fazer das europeias as eleições que alteram, meses depois, os paradigmas da realidade política.
Agora não foi dado esse sinal. Foi dado sim, um sinal de protesto. Sinal esse que foi visível nas percentagens do BE, CDU, CDS-PP e votos brancos.

Tenho pena que estas não tenham sido umas eleições para escolher a Europa.
Os portugueses mostraram (se chegaram a pensar nisso…) que acreditam no neo-liberalismo, acreditam no mercado por si só, e nas leis de mercado cada vez mais desregulado.
A Europa precisava menos desses dogmas, e mais de força no PS para mais intervenção do Estado e mais e melhor regulação e supervisão.

Parece que às 20h30, começou a campanha para as Eleições Legislativas. Pessoalmente, acredito que esta tentativa de caminhada do PSD não vai ser consolidada em Outubro.

Ao contrário do que diz Paulo Rangel, os portugueses alinham, sim, com o projecto do PS. Os portugueses sabem bem quem querem a liderar o país: uma esquerda popular, democrática, progressista.
Houve um voto de protesto, mas é o PS que o povo quer a liderar o país...!

Considero que, nas Legislativas, vai existir uma bipolarização dos votos. Aliás, espero que isso aconteça, por uma questão de governabilidade. Isto vai ser terrível para o país, se a extrema-esquerda e a direita continuam a acumular votos. O PS e o PSD são os únicos partidos com capacidade de governar o País. E o PS quer continuar a fazê-lo bem, conduzindo Portugal ao progresso. Contudo, sem condições de governabilidade torna-se difícil, pois surgem guerrilhas políticas sem benefícios para ninguém. Urge reflectir e pensar no futuro do país, com uma consequente escolha na liderança do país, e não espalhando os votos por partidos que não têm capacidade para governar.
Se o dia 6 foi o dia de reflexão, é possível dizer que amanhã começam muitos outros…

Desta forma, resta-me mencionar que acredito verdadeiramente que não há um fim de ciclo…há sim um maior empenho numa vitória em Outubro.
“Quem ganha a guerra é quem melhor percebe porque perdeu a batalha.”

2 comentários:

Socialistas - Objectivo 2009 disse...

Muito bem analisado. Simplesmente concreto e absolutamente verdadeiro.
Parabéns...

António Vaz Antunes disse...

Gostei mais da sua análise do que a do seu amigo...!
Outubro = VITÓRIA!