quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um Novo Impulso

O estudo de opinião levado a cabo pela Eurosondagem aponta para um empate técnico nas eleições europeias de 7 de Junho entre as listas de Paulo Rangel e Vital Moreira. A sondagem aponta uma ligeira vantagem de 2,2% para o candidato do PS, contrariando e invertendo a tendência verificada nos últimos meses, em que as sondagens davam uma diferença de 8 a 10 pontos percentuais entre PS e PSD.
São várias as razões que explicam esta evolução positiva do PSD, a começar pelo facto de ter apresentado uma lista para estas eleições europeias composta por pessoas de méritos comprovados e com grande experiência nas questões europeias. Mas o factor decisivo no desenrolar desta campanha, está a ser o candidato Paulo Rangel e as linhas políticas de orientação propostas pela sua lista.


Paulo Rangel que foi escolhido por Manuela Ferreira Leite para liderar a bancada parlamentar do PSD, veio dar uma nova dinâmica ao partido, na medida em que se apresentou ao eleitorado como um novo rosto dos sociais-democratas, dotado de um poder de argumentação notável que lhe tem proporcionado bons desempenhos nos debates quinzenais na Assembleia da República. Apresenta-se nesta campanha com ideias extremamente interessantes, tal como a mobilidade europeia ao nível do 1º emprego, que pretende promover o intercâmbio dos jovens europeus que queiram ter uma experiência de trabalho noutro país da União Europeia, bem como a iniciativa " Rede Autarcas Europa", que consiste na aproximação dos deputados no parlamento europeu aos autarcas portugueses com claras mais valias ao nível de candidaturas a fundos europeus, proporcionando um maior intercâmbio e ligação entre a Europa e Portugal.


Ao facto do PSD ter subido consideravelmente nas sondagens, não é alheio a circunstância de estarmos a atravessar uma das maiores crises económicas mundiais, e de a população portuguesa estar a atravessar grandes dificuldades, elevando o grau de insatisfação e censura para com o Governo PS, sendo de crer que o eleitorado pretende penalizar o partido do poder pela má situação do país, num momento em que estamos quase a atingir meio milhão de desempregados em Portugal. No entanto, se analisarmos os 10 anos de Governo de Cavaco Silva, chegamos à conclusão de que, embora o PSD tenha conseguido alcançar 2 maiorias absolutas, o que é certo é que nos 2 actos eleitorais referentes às eleições europeias que ocorreram nesse período, o PSD, partido do poder foi, em ambas as situações derrotado.


Por outro lado, e após algum entusiasmo das hostes socialistas, é hoje claro que o candidato Vital Moreira foi um erro de casting para estas eleições. Primeiramente, é claramente inferior no debate político em relação ao seu principal opositor, o que, nestas situações é de enorme importância devido aos inúmeros debates televisivos e aparições públicas dos candidatos, e depois, não tem alinhado pelo mesmo discurso e opções do partido que representa, sendo a situação mais grave o seu entendimento de que Durão Barroso não deve ser reconduzido na liderança da Comissão Europeia, em clara dissonância com José Sócrates. Ora isto demonstra falta de coordenação e entendimento entre Vital Moreira e o Primeiro-Ministro, e já levou a que este último seja obrigado a participar de forma activa na campanha para estas eleições de forma a minimizar a descida abrupta do PS nas intenções de voto dos Portugueses, e tentar dar novo alento à candidatura de Vital Moreira.


Tal como defendo há algum tempo, estas eleições são decisivas para o PSD, na medida em que é necessário que se concretize no dia 7 de Junho, os resultados agora enunciados nas sondagens, de forma a dar novo e decisivo impulso para as legislativas que se avizinham e como última oportunidade dos sociais-democratas se assumirem de facto como alternativa credível ao Governo PS. De facto, ao mesmo tempo que o desgaste do executivo se acentua a olhos vistos, a liderança de Manuela Ferreira Leite tem demonstrado sensatez, coerência e apresentado boas propostas ao país, evitando enveredar por discursos demagógicos e populistas, afirmando independência e um rumo bem definido, isto após um início, no mínimo algo titubeante.


Não quero avançar resultados, nem cenários pós-eleitorais, no entanto é certo que caso Paulo Rangel obtenha um bom resultado, que pode até ser a vitória, o mérito deve ser dado não só ao candidato, mas também a Manuela Ferreira Leite porque foi ela a promotora da sua escolha e é sua a responsabilidade por este novo discurso político, pautado pela ética na política e por uma mensagem de verdade na comunicação aos Portugueses.


Apesar de a história da democracia em Portugal demonstrar que estas eleições não são decisivas para aferir qual irá ser o próximo Governo de Portugal, considero que dadas as circunstâncias actuais e o estado de crise em que o país esta mergulhado, poderá haver uma deslocação significativa do eleitorado para o PSD, por esgotamento e falta de credibilidade do partido da maioria.
A ver vamos, os dados estão lançados!

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