Traços de uma vida:
João Pedro Bénard da Costa nasceu a 7 de Fevereiro de 1935, em Lisboa, e cresceu entre a casa da Avenida António Augusto de Aguiar e os Verões na Arrábida – sobre os quais escreveu longamente nas crónicas do PÚBLICO.
Na Universidade começou com o curso de Direito, mas rapidamente mudou para Histórico-Filosóficas. É desse tempo que vêm algumas das suas mais fortes amizades, figuras como Pedro Tamen, Nuno Bragança, Alberto Vaz da Silva, Nuno Portas, Manuel de Lucena, Francisco Sarsfield Cabral, Paulo Rocha. Entre 1957 e 1960, Bénard, já apaixonado por cineastas como Rosselini e Bresson, dirige o cineclube Centro Cultural de Cinema e também a Juventude Universitária Católica (1958/58). Casa-se em 1958, um ano antes de terminar a licenciatura.
É depois de conhecer António Alçada Baptista que surge a ideia de criarem uma revista. O primeiro número de O Tempo e o Modo sai em 1963 com Alçada como director e Bénard como chefe de redacção e, mais tarde, Vasco Pulido Valente como subchefe. Em 1965 Bénard faz parte do grupo de 101 católicos portugueses que assinam um manifesto contra a guerra colonial (grupo que incluía também Francisco Sousa Tavares, Sophia de Mello Breyner, Ruy Belo, Lindley Cintra).
Três anos depois sai da Igreja Católica – estava-se em Maio de 1968.No ano seguinte, é convidado para a secção de cinema no serviço de Belas Artes da Gulbenkian (onde já era investigador no Centro de Investigação Pedagógica) e organiza ciclos inesquecíveis, começando ao mesmo tempo a dar aulas de Cinema no Conservatório.
No início dos anos 70 dirige o Centro Nacional de Cultura.Em 1980, Vasco Pulido Valente, então secretário de Estado da Cultura, convida-o para o cargo de subdirector da Cinemateca Portuguesa, então dirigida por Luís de Pina. Depois da morte deste, Bénard assume a direcção, em 1991, cargo que manteve até ao fim da vida – um trabalho pelo qual foi condecorado, em Setembro passado, pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, com a medalha de mérito cultural.
Foi só quando os problemas de saúde de Bénard se agravaram, no ano passado, que o subdirector Pedro Mexia assumiu a direcção interina. Antes disso, em 2006, nas vésperas da sua licença especial para continuar na direcção depois da idade da reforma, Bénard escreveu numa crónica que corria o risco de ser “abatido no activo”.
Um abaixo-assinado pela sua continuação começou imediatamente a circular na Internet e a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, acabou por lhe renovar a licença especial. Em 1990 foi galardoado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente Mário Soares. Em 1997, Jorge Sampaio, nomeou-o presidente da Comissão do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades. E em 2001 foi galardoado com o Prémio Pessoa. Bénard da Costa escreveu vários livros, entre os quais Muito lá de casa e Filmes da Minha Vida/Os Meus Filmes da Vida.
As crónicas no PÚBLICO mereceram-lhe o Prémio João Carreira Bom.
Fonte: Público
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