quarta-feira, 8 de abril de 2009

O efeito Obama


" (...) cerca de 800 jornalistas presentes na conferência de imprensa de Barack Obama no final da cimeira G20 fizeram uma coisa absolutamente inédita, aplaudiram o Presidente Americano. A história haveria de repetir-se(...) no fim da cimeira da NATO".

Exemplos como este são a maior prova de que existe uma grande esperança global depositada em Barack Obama que, inclusive, contagia meios de comunicação social e respectivos repórteres. De facto, o efeito Obama, como se verificou neste seu périplo pela Europa é geral e as pessoas contam com a sua intervenção directa para alterar o rumo dos acontecimentos. A esperança e credulidade nas capacidades do Presidente Norte-Americano em mudar o estado de coisas é absoluta e, como se tem visto pelas massas humanas que o recebem, bem como pelo histerismo demonstrado, parece que estamos na presença de um "Super Presidente".

Muito se tem dito e escrito, que Barack Obama dificilmente conseguirá estar à altura das expectativas nele depositadas, o que em parte, é logo à partida verdade. Pois, a crise não acabará, as desigualdades sociais não serão eliminadas e a guerra não será erradicada do mundo, apenas pelo facto de Obama ter sido eleito Presidente. Agora, a verdade é que Obama demonstra uma abertura ao diálogo e cooperação com os seus pares, assim como com os seus inimigos,o que contrasta com a anterior Administração e com a posição de normal arrogância de uma super potência. Coloca-se numa posição de humildade, admitindo os erros da política americana, ao mesmo tempo que seduz os que o ouvem falando renovadamente na palavra esperança e de novos tempos que, com a colaboração e empenho de todos hão-de chegar.

Obama é o ícone de uma nova postura, uma nova forma de fazer política, no entanto, acrescenta-lhe ideias e convicções, apresenta-nos um conteúdo e uma base ideológica que dificilmente podemos negar, tal a sua consensualidade. Referiu estes dias, a necessidade de intensificar a colaboração ao nível da NATO, em matéria de segurança apelou ao desarmamento nuclear. Apelou à pacificação entre o Ocidente e o Islão, reiterou a necessidade de combater a crise económica com mais medidas e com maior empenho. Disse que apesar de ter sido contra a guerra no Iraque, que iria manter as tropas até 2010, de forma a retirá-las paulatinamente, demonstrando responsabilidade e respeito pela soberania Iraquiana, ao mesmo tempo que, intensificará a luta no Afeganistão, para derrotar de forma definitiva a revolta talibã. Falou e discursou para todos, mas em particular para a juventude, referindo em Istambul," o mundo será o que fizerdes dele. Podeis decidir construir novas pontes em vez de novos muros", concretizando a ideia de confiança no futuro e de envolvimento de todas as nações para a construção desse mesmo futuro.

Certamente que, existe alguma demagogia nos discursos de Obama, e é óbvio que o seu principal objectivo neste momento é reabilitar a imagem dos Estados-Unidos aos olhos do mundo, o que revela uma política de intervenção extremamente bem traçada, na qual a reaproximação com as diferentes nações é o principal objectivo, nomeadamente a União Europeia, de forma a que volte a ter a opinião pública internacional do seu lado, como a única forma de poder intervir decisivamente na cena internacional sem causar impacto negativo em terceiros.

No entanto, neste momento em que as nuvens se apresentam escuras e densamente carregadas, é fundamental para o comum cidadão ver uma luz ao fundo do túnel, que lhe permita erguer-se novamente no dia seguinte e enfrentar as dificuldades esperadas. É essa fugaz esperança que Barack Obama lhes transmite. Uma forma mais positiva de ver o mundo.Mesmo que a imagem alcançada seja irreal e enganadora, é, como se tem visto, a suficiente para mobilizar milhares de pessoas e colocar os media e a opinião pública do seu lado.

Veremos o que a Administração Obama efectivamente fará, se, porventura conseguirá levar a cabo os seus intentos, e o que defende para os Estados-Unidos e para o mundo. Mas isso é um balanço que só poderá ser feito no futuro.
Para já, podemos julgar Obama com base no novo estilo de política que introduziu, na sedução que emana quando nos evoca para participar em comunhão na realização da Nova Ordem Mundial.
Sabendo de antemão que nenhuma verdadeira política se concretiza efectivamente sem a concordância e adesão do Povo.E ao Povo, Barack Obama tem-no completamente na mão.

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