À minha cidade eu mudava o futuro. Não lhe mexia no passado. Não lhe mudava o sítio. Deixava-a onde está.
Mudava-lhe o espírito. Começava pelo mais difícil. O espírito anda pelas ruas e está nas pessoas. É o espaço público.
Mudava a Alta para a Baixa e a Baixa para a Alta. Misturava-as.
Em Coimbra, a Alta é conhecimento e juventude. Da Baixa diz-se que é a zona envelhecida, em perda. Ocupava-lhe, pois, o espaço com o que é próprio da Alta e usava o mundo que há nela. Não me preocupava em criar segmentos, pólos disto ou daquilo – fazia de tudo coisa da cidade inteira, em qualquer edifício e em qualquer esquina. Punha a cultura pelo meio. E ligava a cidade. Pelos sítios mais bonitos: a Universidade, o Botânico, o Choupal, o CAV e a Escola da Noite, o Parque Verde e o Rio, o plateau magnífico que o Alexandre Alves Costa inventou agora em Santa Clara.
Claro, não fazia das ruas império de carros, como gostam de fazer os planeadores que semeiam túneis, viadutos e canibalizam a cidade. Ou fazem os cidadãos que, com os carros, privatizam a seu favor os passeios da cidade.
Depois mudava-lhe as portas. Abria-as. Escancarava-as. Ao que está próximo e ao que está longe. Convidava os vizinhos. À volta há muitos. 300 mil ou 1 milhão, conforme a escala. Pensava também nos de Lisboa e do Porto. Nos de Salamanca e nos de Madrid. Os tempos são demasiado provincianos, é verdade. Mas eu insistia numa cidade central, pequena mas muito cosmopolita, culta. Insistia numa cidade que fosse grande por ser densa. E mudava tudo para aqui chegar.
José Reis
Prof. da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Investigador do Centro
de Estudos Sociais
Mudava-lhe o espírito. Começava pelo mais difícil. O espírito anda pelas ruas e está nas pessoas. É o espaço público.
Mudava a Alta para a Baixa e a Baixa para a Alta. Misturava-as.
Em Coimbra, a Alta é conhecimento e juventude. Da Baixa diz-se que é a zona envelhecida, em perda. Ocupava-lhe, pois, o espaço com o que é próprio da Alta e usava o mundo que há nela. Não me preocupava em criar segmentos, pólos disto ou daquilo – fazia de tudo coisa da cidade inteira, em qualquer edifício e em qualquer esquina. Punha a cultura pelo meio. E ligava a cidade. Pelos sítios mais bonitos: a Universidade, o Botânico, o Choupal, o CAV e a Escola da Noite, o Parque Verde e o Rio, o plateau magnífico que o Alexandre Alves Costa inventou agora em Santa Clara.
Claro, não fazia das ruas império de carros, como gostam de fazer os planeadores que semeiam túneis, viadutos e canibalizam a cidade. Ou fazem os cidadãos que, com os carros, privatizam a seu favor os passeios da cidade.
Depois mudava-lhe as portas. Abria-as. Escancarava-as. Ao que está próximo e ao que está longe. Convidava os vizinhos. À volta há muitos. 300 mil ou 1 milhão, conforme a escala. Pensava também nos de Lisboa e do Porto. Nos de Salamanca e nos de Madrid. Os tempos são demasiado provincianos, é verdade. Mas eu insistia numa cidade central, pequena mas muito cosmopolita, culta. Insistia numa cidade que fosse grande por ser densa. E mudava tudo para aqui chegar.
José Reis
Prof. da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Investigador do Centro
de Estudos Sociais
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