Ao longo de meses, a resistência do campo conservador ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo residiu no argumento esdrúxulo das «prioridades», como Cavaco Silva aliás sinalizou na sua comunicação ao país.
Incapazes de assumirem a sua oposição à legislação progressista, os conservadores refugiaram-se na crise económica para tentarem inviabilizar o compromisso do PS com a abolição desta desigualdade. Sucede que a lei foi mesmo aprovada, o mundo não acabou e o combate à crise continua a ser o foco central da intervenção do Governo.
Com mais ou menos vergonha, o que os conservadores não têm coragem de assumir são os princípios essencialmente desiguais da sua visão do mundo e da sociedade. A lógica das prioridades, aplicada à história da Humanidade nos últimos 200 anos, não nos teria permitido abolir a escravatura ou alargar o sufrágio às mulheres, só para dar dois exemplos, enquanto desenhávamos a arquitectura do Estado social e desenvolvíamos todas as economias do mundo.
Não existe de facto «prioridade» que se sobreponha a um avanço significativo da legislação para dar mais direitos a quem não os tem, reforçando a lógica de participação democrática e de igualdade nas nossas sociedades. Os conservadores sabem disso e, como se viu, envergonham-se disso. Porque a prioridade do campo conservador, neste como noutros temas, está na manutenção das desigualdades. A partir de ontem, felizmente para todos, o PS acabou com mais uma.
Em: www.ametapolitica.blogspot.com, por Tiago Barbosa Ribeiro
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