Por Wolfgang Munchau (Financial Times):
Arrisco a fazer duas previsões. A primeira é que a Grécia não vai entrar em bancarrota este ano. A segunda é que a Grécia vai entrar em bancarrota.
O governo grego mostrou que ainda é possível pedir dinheiro emprestado a uma taxa de juro de 6%, no entanto, se fizermos as contas à dinâmica da dívida pública, verificamos que não há alternativa à bancarrota.
Para resolver o imbróglio grego será preciso pôr em prática uma de cinco soluções. A primeira, e a mais optimista, implica uma desvalorização significativa do euro sustentada por uma forte retoma na zona euro. A segunda passa por a Grécia ter acesso a empréstimos com juros baixos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional. A terceira pressupõe a reestruturação da dívida do sector privado para impedir a deflação da dívida nos moldes teorizados por Irving Fisher. A quarta envolve a saída da Grécia da zona euro. A quinta é, muito simplesmente, a bancarrota.
Se analisarmos as soluções uma a uma verificamos que a primeira é improvável. A segunda foi descartada pela UE e a terceira implicaria um ‘bail-out' adicional dos bancos europeus. A quarta seria do agrado dos alemães, mas a Grécia não é estúpida ao ponto de sair da zona euro. Resta a quinta hipótese: entrar em bancarrota mantendo-se na zona euro.
Por enquanto, a Grécia vai sobreviver graças à excelente gestão da dívida, razão pela qual defendo não ser necessário um ‘bail-out' a curto prazo, muito embora isso possa ser uma desvantagem para a Grécia dada a política económica da UE. Os complacentes líderes europeus só tomarão uma atitude se a crise for iminente e visível. No caso grego, a posição de liquidez é melhor do que a posição de solvência.
Ora, a insolvência é um processo gradual e invisível. Os efeitos negativos da dinâmica de deflação da dívida ainda não começaram a manifestar-se, mas são inevitáveis porque o sector público e privado se encontram, simultaneamente, em processo de redução da dívida. Neste contexto, talvez seja demasiado optimista da minha parte pensar numa taxa de crescimento nominal de 2%. No entanto, e mesmo que esta previsão excessivamente optimista se concretizasse, dificilmente a Grécia poderia evitar uma situação de bancarrota.
Só há duas visões intelectualmente honestas sobre a união económica e monetária. Primeira: não poderia funcionar porque a dado momento os interesses nacionais de um país iriam colidir com os da união monetária no seu conjunto. Segunda: poderia funcionar, mas para isso os estados membros teriam de coordenar a política económica a curto prazo e aceitar uma união orçamental minimamente satisfatória a longo prazo. A mensagem da UE em geral e da Alemanha em particular é muito clara: a segunda opção foi posta de lado.
Arrisco a fazer duas previsões. A primeira é que a Grécia não vai entrar em bancarrota este ano. A segunda é que a Grécia vai entrar em bancarrota.
O governo grego mostrou que ainda é possível pedir dinheiro emprestado a uma taxa de juro de 6%, no entanto, se fizermos as contas à dinâmica da dívida pública, verificamos que não há alternativa à bancarrota.
Para resolver o imbróglio grego será preciso pôr em prática uma de cinco soluções. A primeira, e a mais optimista, implica uma desvalorização significativa do euro sustentada por uma forte retoma na zona euro. A segunda passa por a Grécia ter acesso a empréstimos com juros baixos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional. A terceira pressupõe a reestruturação da dívida do sector privado para impedir a deflação da dívida nos moldes teorizados por Irving Fisher. A quarta envolve a saída da Grécia da zona euro. A quinta é, muito simplesmente, a bancarrota.
Se analisarmos as soluções uma a uma verificamos que a primeira é improvável. A segunda foi descartada pela UE e a terceira implicaria um ‘bail-out' adicional dos bancos europeus. A quarta seria do agrado dos alemães, mas a Grécia não é estúpida ao ponto de sair da zona euro. Resta a quinta hipótese: entrar em bancarrota mantendo-se na zona euro.
Por enquanto, a Grécia vai sobreviver graças à excelente gestão da dívida, razão pela qual defendo não ser necessário um ‘bail-out' a curto prazo, muito embora isso possa ser uma desvantagem para a Grécia dada a política económica da UE. Os complacentes líderes europeus só tomarão uma atitude se a crise for iminente e visível. No caso grego, a posição de liquidez é melhor do que a posição de solvência.
Ora, a insolvência é um processo gradual e invisível. Os efeitos negativos da dinâmica de deflação da dívida ainda não começaram a manifestar-se, mas são inevitáveis porque o sector público e privado se encontram, simultaneamente, em processo de redução da dívida. Neste contexto, talvez seja demasiado optimista da minha parte pensar numa taxa de crescimento nominal de 2%. No entanto, e mesmo que esta previsão excessivamente optimista se concretizasse, dificilmente a Grécia poderia evitar uma situação de bancarrota.
Só há duas visões intelectualmente honestas sobre a união económica e monetária. Primeira: não poderia funcionar porque a dado momento os interesses nacionais de um país iriam colidir com os da união monetária no seu conjunto. Segunda: poderia funcionar, mas para isso os estados membros teriam de coordenar a política económica a curto prazo e aceitar uma união orçamental minimamente satisfatória a longo prazo. A mensagem da UE em geral e da Alemanha em particular é muito clara: a segunda opção foi posta de lado.
Fonte: Economico.pt
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