O discurso do Presidente da República nas cerimónias do 25 de Abril, proferido na Assembleia da República pautou-se pela exortação feita aos portugueses, de que, com empenho, determinação e preserverança é possível inverter o estado do país. Cavaco Silva não se limitou a abordar a questão do défice e das contas públicas, antes apontou o caminho para a mudança, dando como exemplo as potencialidades que uma aposta efectiva no sector marítimo pode criar. De facto, um país como Portugal, que se encontra "numa encruzilhada de três continentes", e virado para o Atlântico, necessita de reforçar a sua posição como porta de entrada de mercadorias e bens no espaço europeu, visto que 70% do comércio de mercadorias se faz por via marítima.
Num momento, em que as atenções da Europa e da especulação económica incidem sobre Portugal, nada melhor que um discurso positivo, suportado na valorização do mar, enquanto sector priveligiado para operar a mudança de paradigma da governação no nosso país. Esta alusão ao mar, deve ser entendida, como a necessidade de aplicar os nossos esforços e o nosso investimento em áreas estratégicas, em que possuímos uma vantagem real e significativa. Exige-se esforço e sacrifício aos portugueses, mas é também necessário que tenhamos um rumo bem definido do que queremos e do que perseguimos, para que estes sacrifícios que, por ora fazemos, não venham, uma vez mais, a ser desperdiçados.
De notar também, a referência que o Senhor Presidente da República fez em relação aos jovens qualificados que abudantemente deixam o país em busca de novas oportunidades de emprego e de emancipação. Verifica-se uma autêntica sangria, um novo êxodo, justificado pela falta de oportunidades de emprego e perspectivas de futuro. Se continuarmos a menosprezar os jovens, tal como disse, o P.R., iremos com certeza tornarmo-nos num país periférico e certamente bem mais pobre.
Em suma, foi um discurso bem conseguido, em que o P.R. aponta um caminho, que só pode ser o do crescimento económico e o do desenvolvimento de Portugal. Tem pautado o seu mandato em Belém na cooperação institucional com o Governo da república, funcionando como garante de estabilidade do estado de direito, ao mesmo tempo que tem sido receptor priveligiado das necessidades da população, alertando para os perigos que nos assolam.
Salvo raras excepções, Cavaco Silva, tem realizado uma mandato à altura do que se exige ao titular da Presidência da República: serenidade, moderação, mas também iniciativa e liderança.
Embora, tanto Manuel Alegre como António Nobre, sejam duas personalidades que agregam diversas qualidades, e a quem a sociedade portuguesa muito deve, seria melhor, como diz o povo, que metessem a viola no saco, já que as suas hipótesses de vencer a corrida presidencial são muito parcas ou mesmo nulas.
Quanto ao PS, pode sempre retribuir ao Professor o apoio que este deu a Mário Soares em 1991, certos de que Cavaco Silva nunca se deixará condicionar por este ou aquele apoio circunstancial.
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