quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

(In)Verdades

O primeiro-ministro na sua declaração ao país fala em 3 verdades. São assim as verdades de José Sócrates ou, talvez, do partido socialista, porque nunca poderão ser as verdades da generalidade das pessoas ou do país, senão vejamos:

A primeira verdade de Sócrates prende-se com o desconhecimento da intenção da Portugal Telecom em adquirir a TVI, e qualifica essas notícias de falsas. Na segunda verdade avança que nunca o Governo teve um plano para controlar ou condicionar a comunicação social. Já na terceira verdade reafirma que a comunicação social em Portugal é livre.

Verdade nº 1- O primeiro-ministro já confirmou que teve conhecimento da intenção da PT em adquirir a TVI, ao referir, publicamente, que não teve conhecimento oficial dessa informação; o Partido Popular já disponibilizou documentação referente a este caso, acerca de faxes trocados entre executivo e PT que desmentem Sócrates; as escutas que todos nós temos lido nos últimos dois fins de semana que envolvem os dois administradores nomeados pelo Governo para a PT, e que indicam de forma clara e inequívoca a promiscuidade entre executivo e a empresa pública.

Verdade nº 2- Refiro as escutas divulgadas pelo sol que não deixam margem para dúvidas; o afastamento, embora voluntário de José Manuel Fernandes da direcção do Público; o afastamento de Manuela Moura Guedes da TVI e do Jornal Nacional após manifestações públicas de desagrado do primeiro-ministro; a não publicação da crónica de Mário Crespo, após episódio público, confirmado, de chamada de atenção de Sócrates ao director de programas da SIC; os nove jornalistas processados no decorrer da última legislatura pelos artigos que escreveram. Podia continuar a enumerar as várias situações pouco claras e geradoras das maiores dúvidas, pouco dignas de uma pessoa que ocupa o cargo de primeiro-ministro.

Verdade nº3- Apesar das tentativas de condicionamento e controlo da comunicação social, parece haver claramente liberdade de expressão, portanto qualquer aproximação ao regime do Estado Novo peca sempre por exagerada.

Estas são as inverdades de Sócrates. A sua tentativa de escamotear a Verdade, e tentar passar a mensagem de que o que está a acontecer não passa de uma cabala, de um estratagema para prejudicar o Governo e a sua imagem pessoal não passam de manobras evasivas e de sobrevivência. Trago à colacção, que idênticas foram as justificações aquando dos episódios da licenciatura, dos projectos feitos na Câmara Municipal da Guarda; do caso Freeport e agora no âmbito do processo Face Oculta.

Entendo e compreendo as vãs tentativas de todos aqueles que tentam, de alguma forma, justificar e defender José Sócrates. Sei que grande quantidade das informações noticiadas são falsas e com claros objectivos políticos, tendentes a debilitar o primeiro-ministro. Mas também tenho a certeza que, se houve alguém que mais contribuiu para a sua própria queda, foi José Sócrates, porque nunca soube afastar-se da sua formação e ascensão partidária, de troca de favores e tráfico de influências, sempre devedor e sempre condicionado. Aliado a isto o seu carácter irascível e pouco tolerante. E o mais lamentável é que estas características já não são meras suposições ou tentativas de assassinato político. São evidências que se têm vindo a concretizar ao longo dos últimos quatro anos Confirmam-se na realidade de há quatro anos para cá.

1 comentário:

Anónimo disse...

areia para os olhos e mais não digo