Não sou daqueles que quer ver a todo o custo a cabeça do primeiro-ministro servida numa salva de prata; não me confundo com os que querem ver o seu partido no poder a todo o custo, apesar das consequências negativas para o país; não me revejo na enchurrada de comentários e opiniões que querem ver o Governo a demitir-se ou acham que o Presidente da República deve dissolver a Assembleia da República.
Não me parece de todo, que essa seja a melhor solução para o país. Vivemos um momento extremamente complicado da nossa vida política. O executivo é alvo de várias acusações extremamente graves, que não sabe ou não quer esclarecer; a justiça, não assume de forma clara a sua independência e isenção e não faz de forma eficaz o que lhe é exigido, que investigue e decida em conformidade; o país encontra-se numa grave crise, económico-financeira, social, política, que urge resolver e os órgãos da comunidade europeia têm os olhos postos na nossa actuação.
Dito isto, defendo de forma inequívoca, que o interesse nacional tem que passar pela estabilidade governativa, pelo cumprimento por parte do executivo do mandato para o qual foi legitimado pelo povo português. Parece-me que a população também não compreenderia que após três meses das eleições, fosse necessário legitimar novo executivo.
Deve imperar o interesse nacional, e efectivamente persegui-lo na prática, e deixar de apregoar o mesmo de forma inconsequente, apenas com objectivos pessoais e partidários que pouco têm a ver com o interesse do país.
Necessitamos pois, de um governo forte, empenhado na prossecução dos objectivos do país, exige-se essa responsabilidade. Por sua vez, deve nortear a oposição o sentido de estado, de serviço no interesse do país e da população.
Escuso-me a comentar a questão política e judicial em torno de José Sócrates e restante executivo, dizendo apenas que devem ser apuradas as responsabilidades pelos tribunais e esclarecidas as questões políticas, sem medos, sem receios, com determinação e isenção.
Coloca-se, porém, a questão da capacidade do primeiro-ministro possuir crédito bastante para promover as reformas que o país necessita e os combates exigíveis e necessários até ao fim da legislatura. Pessoalmente não sei, porque é uma questão que já não depende apenas da vontade de Sócrates, mas também da opinião pública, isto é, as tão propaladas condições de governabilidade que incluem a legitimidade do primeiro-ministro. Por isto, defendo a continuidade do governo, ainda que com outra figura do PS em substituição de Sócrates. Parece-me uma solução a ser ponderada e equacionada, e que teria na figura de António Costa uma boa figura.
Não me parece que esta seja uma opção inverosímel, como alguns referem, penso sim que caminhamos a cada dia, a passos largos, para que esta seja a única solução possível, tanto para o país como para o PS.
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