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Regista-se também o facto de Sócrates ter escolhido 5 mulheres para integrar o governo, de resto um dado saudável e tendente à efectiva paridade entre os sexos, exemplo retirado de Zapatero em Espanha, que então foi um pouco mais longe e dividiu o seu governo por homens e mulheres em igual número.
Outro dado, é o facto de o governo ser composto por vários independentes que pode ter uma de duas leituras: é o significado de uma efectiva abertura à sociedade civil por parte da classe política ou, por outro lado, é o sinal claro de que, neste momento, os partidos políticos não possuem quadros com capacidade técnica e política para encabeçarem um ministério.
Sem grandes trunfos e sem grandes surpresas, ressalta a curiosidade de entre os ministros haver uma sindicalista e uma pianista. A ver vamos, que música toca este governo.
No entanto, pela armação e composição deste governo, não é possível destrinçar qual o objectivo de José Sócrates, se continuar a táctica de vitimização, indicador de ineficácia, e governar com vista uma queda de governo, daqui a dois anos, logo que o próximo presidente da república possa dissolver a Assembleia; se, ao projectar este governo, encarou, de forma séria, a possibilidade de mobilizar para a Assembleia da República todos os seus esforços, para que se consigam acordos pontuais sobre as mais variadas matérias. Exige-se um esforço de cooperação, seriedade e altruísmo a todas as forças políticas, para que, sem olvidar as convicções e especificidades de cada um, se possa, de facto, alcançar acordos alargados, logo, politicas mais eficazes e abrangentes. E, neste caso, à semelhança do governo, a oposição também terá grandes responsabilidades, portanto terá de ser construtiva e aberta a propostas.
Uma palavra final para o PSD, e a sua liderança. Ontem houve conselho nacional e o expectável aconteceu. Manuela Ferreira Leite, entendeu continuar a liderar o partido durante o debate do Orçamento de Estado para o próximo ano e , após esse período, pediria a demissão e convocaria eleições directas, não clarificando se seria recandidata.
Perfilam-se candidatos, surgem hipóteses, mobilizam-se apoios, muito debate e controvérsia. Aguardemos que o debate se situe no plano das ideias, e se situe numa reflexão interna, ponderada, sobre o que o país precisa que o PSD seja e que atitude e rumo se deve trilhar, para já enquanto oposição dialogante, estável e responsável, mas com uma clara ambição de governar o país, a seu tempo.
Para já, os portugueses estão fartos de eleições e de política; O gato fedorento- esmiúça os sufrágios acabou e, até novos episódios, o país está em suspenso, na expectativa do que isto vai dar.
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