quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A política de Sócrates

O Primeiro-Ministro José Socrates, a um mês das eleições legislativas, opta por uma campanha dirigida aos eleitores assente na necessidade do voto útil, recair, necessariamente, ou no PSD, ou no PS e referindo que a política que propõe para os próximos quatro anos diverge bastante das ideias defendidas pela actual direcção do PSD, classificando Manuela Ferreira Leite de conservadora e retrógrada. Esta abordagem ficou patente no programa "Grande Entrevista", no qual, foi notória o objectivo de dar uma imagem positiva de um governo que procura a modernidade e o progresso do país, e demonstrar que a oposição do PSD possui ideias do passado, sem visão e sem rasgo.

De facto, se tivermos por referência os últimos quatro anos de governação socialista, compreendemos que José Sócrates, necessita de atacar de forma directa MFL, e tentar passar a mensagem que, ele, é a única alternativa para levar Portugal ao caminho do sucesso. O seu grande problema prende-se com o incómodo de após a sua governação, termos um país mais endividado, com mais de 500 000 desempregados, e em que todas as reformas ficaram na gaveta. Os dados são estes, os portugueses vivem maiores dificuldades e Portugal continua a divergir da Média dos países da União Europeia. E quanto ao argumento da crise, este é completamente falacioso, porque não foi por causa da crise que o Governo perdeu a maioria absoluta, não foi pela crise que houve impossibilidade de fazer uma reforma abrangente nas áreas da justiça, saúde, administração pública, educação. Não foi devido à crise, que se viveram 4 anos de políticas reactivas e inconsequentes, de um governo que sempre pareceu mais preocupado com a sua imagem e popularidade, do que propriamente, com fazer, reformar e concretizar.

Percebe-se pois a ânsia de José Socrates de dirigir a sua campanha no sentido do ataque às qualidades/ ideias de MFL, percebe-se a sua vontade de colar ao PSD uma imagem de conservadorismo e falta de ideias. Entende-se a sua intenção de propor um programa de governo ambicioso e irrealista, de grandes preocupações sociais. Tudo isto se entende e tudo isto se percebe. No entanto, nada disto se pode perdoar. Não se pode perdoar a este governo a falta de sentido de estado, de empenhamento, de rigor, de isenção que nos presenteou nesta legislatura. Custa perdoar, quando assistimos que a comunicação social e a imprensa são alvo de repressão, ao bom estilo Salazarista. É imperdoável que uma grande maioria dos portugueses tenha imensas dificuldades em criar os seus filhos e proporcionar-lhes um bom futuro, porque os seus governantes optaram por pouco ou nada a fazer.

José Sócrates tem bons argumentos: boa retórica, boa imagem, boa propaganda, bons conselheiros, bom dinheiro, boas empresas. Mas falta-lhe o essencial: falta-lhe obra no currículo e falta-lhe seriedade no carácter e no agir, e estas são coisas que não se conquistam num mês.

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