Paulo Portas veio a público, na passada quinta-feira, demonstrar a sua indignação pela promoção a coronel de Otelo Saraiva de Carvalho, considerando que a sua participação no 25 de Abril de 1974 e o papel fundamental que desempenhou no desencadear de todo o movimento de sublevação dos militares contra o Governo, provocando a queda deste, não apagam a sua ligação às Forças Populares 25 de Abril, vulgo FP-25, aquele que foi o mais perigoso grupo terrorista que operou em Portugal no pós 25 de Abril e que foi responsável pela morte de 17 pessoas.
Otelo Saraiva de Carvalho é uma pessoa que suscita controvérsia e divisão entre a sociedade portuguesa. Apresenta-se como uma figura ambígua da história recente de Portugal, que, por um lado revelou determinação e perseverança, ao ser um dos protagonistas da revolução dos cravos, demonstrando convicção e capacidade de agir, quando outros cederam e revelaram-se fracos. No entanto num momento posterior à revolução, ao liderar o Comando Operacional do continente (Copcon), que controlava todas as forças regulares do país e todas as forças especiais, foi promotor dos tempos agitados e revolucionários do pós 25 de Abril, ordenando, a título de exemplo, a ocupação de casas, fábricas e dos latifúndios no Alentejo, ajudando ao clima de instabilidade e incerteza que no momento se vivia. É neste fase que Otelo revela pouco discernimento na utilização do poder que detinha, situação agravada após as eleições para a Presidência da República de 1976, em que Otelo garante 18% da votação, mobilizando um projecto de poder popular, de democracia directa, sem partidos, que acabou por não resultar.
Otelo sentindo uma certa legitimação por parte do povo, inicia um período destrutivo, que se acentua com a sua chefia do grupo FP-25, cometendo vários crimes e atentados nos anos 80, culminando com o seu julgamento e consequente prisão por 5 anos.
Como é reconhecido, Otelo Saraiva de Carvalho possuí um percurso ambíguo, marcado por feitos honrosos mas também por condutas extremamente censuráveis, ao colocar uma certa forma de pensar, num patamar superior ao valor da vida humana. Por isto, que foi dito, revejo-me na posição tomada por Paulo Portas, ao afirmar que jamais será esquecida a ligação directa de Otelo a um grupo terrorista. Mais, penso que um Estado de Direito não pode, não deve premiar sob que forma for, ao nível da promoção pessoal, de categoria, ou mesmo, por intermédio de indemnizações, uma pessoa que teve uma conduta semelhante à de Otelo Saraiva de Carvalho.
Entendo que a actuação de Otelo no desencadear da revolução não lhe conferem, nem pouco mais ou menos, o direito a apagar todo o mal que fez posteriormente ao povo português, nem nos merece qualquer tipo de reconhecimento seja de que tipo for, visto que uma boa acção não "elimina", outras bem piores. Aqui não funciona a lei da compensação.
Esta é a minha opinião pessoal e, Otelo Saraiva de Carvalho não merece nem o meu reconhecimento nem a minha homenagem nesta data que agora comemoramos e relembramos.
Otelo Saraiva de Carvalho é uma pessoa que suscita controvérsia e divisão entre a sociedade portuguesa. Apresenta-se como uma figura ambígua da história recente de Portugal, que, por um lado revelou determinação e perseverança, ao ser um dos protagonistas da revolução dos cravos, demonstrando convicção e capacidade de agir, quando outros cederam e revelaram-se fracos. No entanto num momento posterior à revolução, ao liderar o Comando Operacional do continente (Copcon), que controlava todas as forças regulares do país e todas as forças especiais, foi promotor dos tempos agitados e revolucionários do pós 25 de Abril, ordenando, a título de exemplo, a ocupação de casas, fábricas e dos latifúndios no Alentejo, ajudando ao clima de instabilidade e incerteza que no momento se vivia. É neste fase que Otelo revela pouco discernimento na utilização do poder que detinha, situação agravada após as eleições para a Presidência da República de 1976, em que Otelo garante 18% da votação, mobilizando um projecto de poder popular, de democracia directa, sem partidos, que acabou por não resultar.
Otelo sentindo uma certa legitimação por parte do povo, inicia um período destrutivo, que se acentua com a sua chefia do grupo FP-25, cometendo vários crimes e atentados nos anos 80, culminando com o seu julgamento e consequente prisão por 5 anos.
Como é reconhecido, Otelo Saraiva de Carvalho possuí um percurso ambíguo, marcado por feitos honrosos mas também por condutas extremamente censuráveis, ao colocar uma certa forma de pensar, num patamar superior ao valor da vida humana. Por isto, que foi dito, revejo-me na posição tomada por Paulo Portas, ao afirmar que jamais será esquecida a ligação directa de Otelo a um grupo terrorista. Mais, penso que um Estado de Direito não pode, não deve premiar sob que forma for, ao nível da promoção pessoal, de categoria, ou mesmo, por intermédio de indemnizações, uma pessoa que teve uma conduta semelhante à de Otelo Saraiva de Carvalho.
Entendo que a actuação de Otelo no desencadear da revolução não lhe conferem, nem pouco mais ou menos, o direito a apagar todo o mal que fez posteriormente ao povo português, nem nos merece qualquer tipo de reconhecimento seja de que tipo for, visto que uma boa acção não "elimina", outras bem piores. Aqui não funciona a lei da compensação.
Esta é a minha opinião pessoal e, Otelo Saraiva de Carvalho não merece nem o meu reconhecimento nem a minha homenagem nesta data que agora comemoramos e relembramos.
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