sábado, 28 de março de 2009

Polémica

A polémica estalou uma vez mais no seio da Ordem dos Advogados, o que se deveu a um artigo escrito pelo Bastonário da Ordem, Marinho Pinto, publicado no Boletim da Ordem dos Advogados, em que o Bastonário denúncia o facto de que a carta anónima que deu origem à investigação do caso Freeport foi combinada entre o autor e os investigadores da PJ.
Emergiram imediatamente um coro de críticos censurando o artigo, apontando que, apesar de Marinho Pinto poder denunciar este tipo de casos e abordá-los, fazê-lo por intermédio do Boletim da Ordem, faz com que a mesma, se politize, ou seja, aparenta tomar partido de uma facção através do seu representante máximo.
Às críticas apontadas, Marinho Pinto argumenta que é sua função defender e alertar para todas as situações em que a justiça funcione de forma menos correcta, ofendendo os direitos e garantias dos cidadãos, sejam eles o Primeiro-Ministro ou um qualquer anónimo, escamoteando assim, o facto de o artigo ter sido escrito no Boletim da Ordem dos Advogados, veículo próprio da posição da Ordem.
Penso que, o conteúdo do artigo de Marinho Pinto reflecte uma opinião pessoal, que o próprio considera uma injustiça, e, em relação ao mesmo não levanto qualquer tipo de crítica. Agora, a partir do momento em que um órgão oficial da Ordem é escolhido para transmitir uma opinião parcial e individual, é demonstração, no mínimo, de falta de bom senso, pois, entendo que a grande maioria dos advogados não se revê na tomada de posição do seu Bastonário e rejeita qualquer tipo de ligação com a mesma.
Desde o início do seu mandato, que Marinho Pinto tem sido extremamente polémico e controverso. Na minha opinião, como o próprio diz, é incómodo e coloca o dedo na ferida, o que é louvável. No entanto, estando á frente de uma entidade com as responsabilidades da Ordem dos Advogados, o seu máximo responsável não se pode permitir a expressar na praça pública opiniões que não dignifiquem a posição que ocupa, ou seja, Marinho Pinto aborda os temas como se fosse um "cavaleiro da Justiça", não tendo "papas na língua", ao implicar pessoas e entidades que merecem o maior respeito da sociedade civil. Cabe-lhe representar os advogados da melhor forma e lutar por uma justiça mais equilibrada, célere e abrangente, e não, que tome posições corrosivas em que parece sempre sair mal da fotografia.
Por outro lado, começa-se também a notar uma predilecção de Marinho Pinto em defender José Sócrates, visto que já veio a terreno várias vezes defender veladamente este último, qual Augusto Santos Silva ou Vital Moreira, camuflando as suas intenções com a veste da defesa de princípios e valores fundamentais. Talvez, mas não se livra de que se comente com alguma insistência que Marinho Pinto terá alguma ambição política e procura cair nas boas graças no nosso Primeiro-Ministro!!!

1 comentário:

Gonçalo disse...

Como bom advogado, o bastonário já provou que, havendo violação de princípios basilares do Estado de Direito, nomeadamente no que se refere à defesa do arguido, tanto defende primeiros-ministros, como criminosos ou líderes de extrema-direita, pelo que acho que dizer que tem ums predilecção por Sócrates, é uma leitura tendenciosa.